Sem aulas na guerra síria, ela bordava para passar o tempo; agora, vende suas peças no Brasil

No início da guerra da Síria, em 2011, Rahaf Hussin, 23, então adolescente, passou um ano sem ir à escola. Em casa o dia todo, sem energia elétrica nem internet, começou a bordar junto com a mãe para passar o tempo. 

“Foram dias difíceis, mas ela me ensinou uma coisa bonita. Bordávamos com a luz do sol ou com a luz de velas”, conta ela.

No Brasil, onde vive há três anos, os bordados que Rahaf antes fazia por hobby ou para presentear amigos e familiares se converteram em meio de vida.

“Não consigo trabalhar fora de casa por causa das condições atuais e também porque tenho uma filha pequena. Então decidi começar meu pequeno projeto pessoal”, diz. 

Rahaf é palestina, como seus pais e avós, e faz um ponto de bordado típico de lá. A técnica inclui estampas, cores e formas específicas de cada região ou com significados diferentes. 

“O bordado é uma herança dos nossos avós, que enfeitavam suas próprias roupas e os móveis da casa”, explica Rahaf, acrescentando que, com o passar dos anos e o surgimento das oficinas de costura, tornou-se algo raro. “Hoje há pouquíssimas pessoas que ainda fazem o bordado porque é um trabalho difícil e exige esforço, mas muita gente gosta de comprá-lo como algo valioso, um patrimônio”, completa.

Marcador de livro bordado por Rahaf (Foto: Divulgação/Artes do Patrimônio)

 

Ela batizou seu negócio de Artes do Patrimônio. Entre as peças que vende, há bolsas, marcadores de livros, necessaires, quadros, roupas, almofadas, chaveiros, colares e lembrancinhas de casamento e nascimento de bebês. As entregas podem ser feitas pessoalmente, em São Paulo, ou pelo correio. 

Artes do Patrimônio: FacebookInstagram; (11) 97749-6686; rahafraame@gmail.com