Após realizar sonho do restaurante próprio em SP, chef refugiado luta para não fechar na crise

Este blog é uma agenda cultural, e por isso ficou difícil alimentá-lo após o cancelamento dos eventos presenciais durante a pandemia. Mesmo com a reabertura parcial recente do comércio em São Paulo, o cenário de shows, feiras gastronômicas e oficinas culturais continua restrito. 

Mas considero que também é o momento de dar visibilidade ao trabalho dos imigrantes que atuam na área de cultura, gastronomia ou outras atividades criativas e que estão buscando alternativas para manter a renda nesse período de isolamento social —delivery de comida, aulas virtuais de dança ou gastronomia, confecção de máscaras e cursos de idiomas online são algumas opções.

O Al Mazen, que fica na Vila Madalena e agora trabalha com delivery (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)

 

Diferentemente de muitos refugiados que só começaram a trabalhar com comida ao chegar ao Brasil, Mazen já atuava na área antes de migrar: é formado em gastronomia e tinha um restaurante em Damasco, que foi bombardeado.

Localizado na Vila Madalena e aberto no fim do ano passado, o Al Mazen foi inaugurado no fim do ano passado, servindo uma saborosa comida do Oriente Médio no buffet de almoço e à la carte no jantar, além de drinques típicos e aluguel de narguilés para fumar na área externa. 

Em março, poucos meses após sua inauguração, o Al Mazen teve que fechar por causa da pandemia. Reabriu no último dia 6 de julho, após a autorização do governo do estado para que esse tipo de estabelecimento funcionasse das 11h às 17h. 

Depois de dez dias, porém, foi preciso suspender novamente o atendimento presencial. “Não tem ninguém na rua”, explica Mazen. “Muitos clientes eram funcionários de empresas da região, mas elas estão fechadas, todo mundo está trabalhando de casa. E quem quisesse vir após o trabalho não podia entrar por causa da limitação de horário. Estávamos levando muito prejuízo e ficou difícil para a gente manter.” O estabelecimento tem oito funcionários.

O restaurante trabalha com delivery todos os dias, das 18h às 2h. Dá para pedir pelo iFood, Uber Eats e Rappi, e também para retirar no local. 

O cardápio oferece em kebabs, churrasco árabe completo, kafta, falafel e salgados como esfihas e kibes, entre outras opções. Há também um prato do dia, com uma carne típica acompanhada de arroz sírio ou com lentilha, uma salada como tabule ou fatuche e uma pasta como homus, babaganoush ou coalhada seca. 

 

O chef Mazen Zwawe, que nasceu na Síria e tem nacionalidade palestina (Foto: Divulgação)

 

Mazen chegou a São Paulo sem conhecer ninguém e com US$ 100 no bolso. Vendeu água na rua e comida em food parks e foi responsável pela cozinha do Al Janiah, popular bar palestino no Bexiga.

Agora, ele espera não ter que abrir mão do sonho que demorou seis anos para alcançar. “Quando as coisas voltarem ao normal, tento reabrir de novo. Tomara que a gente consiga manter.”

Al Mazen. Delivery pelo tel. (11) 94962-2037 ou pelos links: iFood , Rappi e Uber Eats; https://www.facebook.com/chefemazen