Babel paulistana https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br Guia de cultura imigrante em São Paulo Mon, 06 Dec 2021 21:37:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Refugiado sírio vende pela internet zaatar caseiro, tempero do Oriente Médio https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2021/07/30/refugiado-sirio-vende-pela-internet-zaatar-caseiro-tempero-do-oriente-medio/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2021/07/30/refugiado-sirio-vende-pela-internet-zaatar-caseiro-tempero-do-oriente-medio/#respond Fri, 30 Jul 2021 20:19:44 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/WhatsApp-Image-2021-07-30-at-17.14.55-300x215.jpeg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=314 Tomilho, em árabe, se chama zaatar. É essa planta a base do tempero de mesmo nome, um dos mais essenciais da culinária sírio-libanesa. 

Sem conseguir encontrar zaatar de qualidade com bom preço em São Paulo, o sírio Husam Hazimeh, 31, decidiu fazer o seu próprio. Recorreu à receita do pai, que tem um restaurante em Guarulhos, onde eles moram desde 2014, depois que chegaram ao Brasil como refugiados de guerra.

Surgiu então o Zatar Verde, produto feito por ele, embalado e vendido por atacado, para restaurantes, e também em porções menores, para o consumidor final (de 125 g, R$ 30, e 250 g, R$ 50). O nome é uma referência a um dos tipos do tempero. O outro é o zaatar negro, feito com melado de romã, em vez de sumac, como no caso do verde.

O sírio Husam Hazimeh, que criou o Zatar Verde (foto: Divulgação)

O sumac usado por Husam vem do Líbano e é outro ingrediente fundamental do zaatar. “É ele que vai dar um sabor azedo natural e fresco. Não é igual ao do ácido cítrico, que é químico e faz mal para o estômago”, diz. “Aqui tem sumac, mas não tem muito sabor, apenas cor, não fica gostoso e é muito caro.”

Husam conta que o zaatar foi inventado no campo, para conservar ervas para serem consumidas no inverno. “Ele reflete a resistência do povo, pois é uma comida que tem muito valor nutricional. Leva gergelim, farinha de grão de bico e de rosca, sal. Pode ter coentro, pistache quebrado, até coco ralado, mas aí fica mais doce. Alguns gostam de colocar orégano também, para amplificar o sabor do tomilho, que é uma planta da mesma família.”

O zaatar é consumido tradicionalmente com pão sírio e azeite ou na famosa esfiha com esse sabor. Também pode ser adicionado a carnes e ao molho de saladas, entre outros pratos, e entra no preparo do queijo árabe chancliche.

“Todo restaurante na Síria tem zaatar. O legal é que o zaatar de Damasco é diferente do de Aleppo, por exemplo. Em Aleppo é mais comum o zaatar negro. O verde tem mais na Palestina, no sul do Oriente Médio”, conta Husam.

Ele conta que partiu da receita do pai para testar combinações diferentes, até chegar à que ele vende hoje. “Minha mãe fala até que eu consegui melhorar um pouquinho a receita original”, diz, rindo. 

No Instagram do Zatar Verde, ele dá dicas de consumo. O produto pode ser enviado para qualquer cidade do Brasil.

Zatar Verde: zatar-verde.goomer.app e www.instagram.com/zatarverde

]]>
0
Perfumista sírio refugiado em SP cria fragrâncias para energizar quarentena https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/09/02/perfumista-sirio-refugiado-em-sp-cria-fragrancias-para-energizar-quarentena/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/09/02/perfumista-sirio-refugiado-em-sp-cria-fragrancias-para-energizar-quarentena/#respond Wed, 02 Sep 2020 13:17:41 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/anas2-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=280 Almiscar e mirra para estimular força e confiança. Flor de laranja para energizar e “tirar você da bad”. Jasmim, sândalo, magnólia. O sírio Anas Obaid, 32, vai enumerando os ingredientes que selecionou para fazer perfumes e um aromatizador de ambientes neste tempo de quarentena.

Refugiado de guerra no Brasil e jornalista de formação, ele trabalha há cinco anos em São Paulo com perfumaria árabe. Geralmente ele participa de feiras e eventos, onde prepara perfumes personalizados na hora —uma tradição muito forte em seu país.

Com as restrições a aglomeração na pandemia, ele desenvolveu uma linha nova fixa que inclui perfumes masculino e feminino e um aromatizador de ambientes. Batizou os produtos de Nasma –que significa “brisa” em árabe. “As pessoas está em casa, com a energia baixa. Quis fazer uma coisa alegre”, diz.

Uma parte da matéria-prima Anas encontra no Brasil, mas muitas notas —como sândalo, jasmim, almíscar e mirra— ele prefere importar da Síria. O perfumista também destaca um fixador à base de âmbar que é típico de lá. 

“É um fixador muito poderoso, o perfume fica na roupa por uns três dias. Na Síria esse trabalho é muito forte. As pessoas vão nas lojas e o vendedor procura perfumes que combinem com ela, prepara na hora.”

O sírio Anas Obaid, que cria perfumes personalizados (Foto: Divulgação)

Mesmo a distância, Anas diz que tem conseguido também criar fragrâncias personalizadas, depois de uma conversa com cada cliente. Até o signo da astrologia serve de base para idealizar os perfumes.

Tendo que se reinventar ao chegar aqui, como tantos imigrantes, ele diz que chegou a trabalhar em restaurante árabe, mas não se identificou. “Eu usava um perfume que trouxe de lá, as pessoas gostaram e comecei a vender para amigos. Um dia participei de um evento e curti essa coisa de ser vendedor de algo cultural. Estudei a história do perfume e gosto de explicar para as pessoas, de falar da cultura do meu país.”

O aromatizador de ambientes custa R$ 50, mesmo preço dos perfumes de 50 ml (os de 120 ml custam R$ 100, mais a taxa de entrega (ele envia por correio para fora de São Paulo)

Nasma – Anas Obaid: (11) 97703-9183

]]>
0
Sem aulas na guerra síria, ela bordava para passar o tempo; agora, vende suas peças no Brasil https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/08/19/sem-aulas-na-guerra-siria-ela-bordava-para-passar-o-tempo-agora-vende-suas-pecas-no-brasil/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/08/19/sem-aulas-na-guerra-siria-ela-bordava-para-passar-o-tempo-agora-vende-suas-pecas-no-brasil/#respond Wed, 19 Aug 2020 18:37:09 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-19-at-11.37.17-300x215.jpeg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=269 No início da guerra da Síria, em 2011, Rahaf Hussin, 23, então adolescente, passou um ano sem ir à escola. Em casa o dia todo, sem energia elétrica nem internet, começou a bordar junto com a mãe para passar o tempo. 

“Foram dias difíceis, mas ela me ensinou uma coisa bonita. Bordávamos com a luz do sol ou com a luz de velas”, conta ela.

No Brasil, onde vive há três anos, os bordados que Rahaf antes fazia por hobby ou para presentear amigos e familiares se converteram em meio de vida.

“Não consigo trabalhar fora de casa por causa das condições atuais e também porque tenho uma filha pequena. Então decidi começar meu pequeno projeto pessoal”, diz. 

Rahaf é palestina, como seus pais e avós, e faz um ponto de bordado típico de lá. A técnica inclui estampas, cores e formas específicas de cada região ou com significados diferentes. 

“O bordado é uma herança dos nossos avós, que enfeitavam suas próprias roupas e os móveis da casa”, explica Rahaf, acrescentando que, com o passar dos anos e o surgimento das oficinas de costura, tornou-se algo raro. “Hoje há pouquíssimas pessoas que ainda fazem o bordado porque é um trabalho difícil e exige esforço, mas muita gente gosta de comprá-lo como algo valioso, um patrimônio”, completa.

Marcador de livro bordado por Rahaf (Foto: Divulgação/Artes do Patrimônio)

 

Ela batizou seu negócio de Artes do Patrimônio. Entre as peças que vende, há bolsas, marcadores de livros, necessaires, quadros, roupas, almofadas, chaveiros, colares e lembrancinhas de casamento e nascimento de bebês. As entregas podem ser feitas pessoalmente, em São Paulo, ou pelo correio. 

Artes do Patrimônio: FacebookInstagram; (11) 97749-6686; rahafraame@gmail.com

]]>
0
Imigrantes oferecem delivery de comidas do mundo com playlist de músicas típicas em SP https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/08/03/imigrantes-oferecem-delivery-de-comidas-do-mundo-com-musica-tipica-em-sp/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/08/03/imigrantes-oferecem-delivery-de-comidas-do-mundo-com-musica-tipica-em-sp/#respond Mon, 03 Aug 2020 20:32:22 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-07-28-at-21.15.09-300x215.jpeg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=263  

 

Um dos pratos servidos no delivery é o kharcho, da Armênia; feito com frango, champignon, batata e lentilha, é acompanhado de arroz com passas, ameixa e amendoim (Foto: Divulgação)

Capitaneado pela refugiada síria Joanna Ibrahim, o projeto Open Taste, que treina cozinheiros refugiados e imigrantes para trabalhar com catering em eventos, se preparava para abrir um restaurante em São Paulo quando veio a pandemia.

Com as restrições ligadas à quarentena, a empresa social adaptou seus planos e lançou, no mês passado, um delivery de comidas do mundo.

A cada dia da semana, é oferecido o cardápio de um país: México às segundas-feiras, Síria às terças, Armênia às quartas, Congo às quintas, Venezuela às sextas e Colômbia aos sábados.

 

A cozinheira síria Salsabil em um dos eventos do Open Taste (Divulgação)

 

 Um detalhe simpático: o cliente ganha o link para uma playlist do país de origem dos chefs, para acompanhar a refeição com músicas típicas.

O Open Taste também criou cursos virtuais para quem quer aprender a fazer em casa alguns dos pratos feitos por imigrantes. Entre as opções, burritos mexicanos, patacones colombianos e tequenhos venezuelanos.

Delivery de comida pelo aplicativo iFood neste link

Cursos online de gastronomia neste link

]]>
0
Após realizar sonho do restaurante próprio em SP, chef refugiado luta para não fechar na crise https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/07/21/apos-realizar-sonho-do-restaurante-proprio-em-sp-chef-refugiado-luta-para-nao-fechar-na-crise/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/07/21/apos-realizar-sonho-do-restaurante-proprio-em-sp-chef-refugiado-luta-para-nao-fechar-na-crise/#respond Tue, 21 Jul 2020 19:05:05 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/b06cadf650fdd99ffbaacee7f95728e30a6993bcaa4700c7509f57cd721ab4c6_5e19e55757507_Easy-Resize.com_.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=251 Este blog é uma agenda cultural, e por isso ficou difícil alimentá-lo após o cancelamento dos eventos presenciais durante a pandemia. Mesmo com a reabertura parcial recente do comércio em São Paulo, o cenário de shows, feiras gastronômicas e oficinas culturais continua restrito. 

Mas considero que também é o momento de dar visibilidade ao trabalho dos imigrantes que atuam na área de cultura, gastronomia ou outras atividades criativas e que estão buscando alternativas para manter a renda nesse período de isolamento social —delivery de comida, aulas virtuais de dança ou gastronomia, confecção de máscaras e cursos de idiomas online são algumas opções.

O Al Mazen, que fica na Vila Madalena e agora trabalha com delivery (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)

 

Diferentemente de muitos refugiados que só começaram a trabalhar com comida ao chegar ao Brasil, Mazen já atuava na área antes de migrar: é formado em gastronomia e tinha um restaurante em Damasco, que foi bombardeado.

Localizado na Vila Madalena e aberto no fim do ano passado, o Al Mazen foi inaugurado no fim do ano passado, servindo uma saborosa comida do Oriente Médio no buffet de almoço e à la carte no jantar, além de drinques típicos e aluguel de narguilés para fumar na área externa. 

Em março, poucos meses após sua inauguração, o Al Mazen teve que fechar por causa da pandemia. Reabriu no último dia 6 de julho, após a autorização do governo do estado para que esse tipo de estabelecimento funcionasse das 11h às 17h. 

Depois de dez dias, porém, foi preciso suspender novamente o atendimento presencial. “Não tem ninguém na rua”, explica Mazen. “Muitos clientes eram funcionários de empresas da região, mas elas estão fechadas, todo mundo está trabalhando de casa. E quem quisesse vir após o trabalho não podia entrar por causa da limitação de horário. Estávamos levando muito prejuízo e ficou difícil para a gente manter.” O estabelecimento tem oito funcionários.

O restaurante trabalha com delivery todos os dias, das 18h às 2h. Dá para pedir pelo iFood, Uber Eats e Rappi, e também para retirar no local. 

O cardápio oferece em kebabs, churrasco árabe completo, kafta, falafel e salgados como esfihas e kibes, entre outras opções. Há também um prato do dia, com uma carne típica acompanhada de arroz sírio ou com lentilha, uma salada como tabule ou fatuche e uma pasta como homus, babaganoush ou coalhada seca. 

 

O chef Mazen Zwawe, que nasceu na Síria e tem nacionalidade palestina (Foto: Divulgação)

 

Mazen chegou a São Paulo sem conhecer ninguém e com US$ 100 no bolso. Vendeu água na rua e comida em food parks e foi responsável pela cozinha do Al Janiah, popular bar palestino no Bexiga.

Agora, ele espera não ter que abrir mão do sonho que demorou seis anos para alcançar. “Quando as coisas voltarem ao normal, tento reabrir de novo. Tomara que a gente consiga manter.”

Al Mazen. Delivery pelo tel. (11) 94962-2037 ou pelos links: iFood , Rappi e Uber Eats; https://www.facebook.com/chefemazen

]]>
0
Beijo no bloco, camisinha grátis, adulto fantasiado… estrangeiros contam o que estranharam no Carnaval no Brasil https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/02/21/beijo-no-bloco-camisinha-gratis-adulto-fantasiado-estrangeiros-contam-o-que-estranharam-no-carnaval-no-brasil/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/02/21/beijo-no-bloco-camisinha-gratis-adulto-fantasiado-estrangeiros-contam-o-que-estranharam-no-carnaval-no-brasil/#respond Fri, 21 Feb 2020 10:00:39 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/samira2-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=230 Nas conversas e entrevistas com imigrantes, vira e mexe surge alguma história curiosa relacionada com o Carnaval. Falei com sete deles para saber qual foi a primeira impressão que tiveram sobre a festa no Brasil. Do sírio que caiu num bloco em seu segundo dia no país e deu o primeiro beijo da vida à paquistanesa que achou que fosse um evento religioso —e logo percebeu que estava enganada—, leia os relatos.

“Pensei que fosse uma festa religiosa… até que fui num bloco na República”

Ayesha Saeed, do Paquistão

A paquistanesa Ayesha Saeed (Foto: Bruno Santos/Folhapress)

“Eu não sabia o que era o Carnaval antes de vir para cá. Perguntei pros meus alunos: o que é o Carnaval? Me falaram que era uma festa que acontecia 40 dias antes da Páscoa, que tinha um momento em que não pode comer carne. Pensei: deve ser uma festa bem religiosa, preciso conhecer. Aí eu fui num bloco na República. Nossa, não gostei. Estava muito, muito ruim. Todo mundo bebendo, usando drogas. Só aguentei uma hora. Falei: “quero sair, não consigo respirar” Isso não é pra mim. Depois fui a uns blocos mais família e adorei. Também já fui no Sambódromo e achei muito, muito bonito.”

“Entrei num bloco achando que era manifestação. Ali dei meu primeiro beijo”

Hakam Elyoussef, da Síria

O sírio Hakam Elyoussef no bloco de Carnaval (Foto: Arquivo pessoal)

“Cheguei em fevereiro de 2014, sem saber o que estava acontecendo, sem falar português. No segundo dia aqui, vi um bloco na rua e achei que era manifestação. Dei o primeiro beijo da minha vida. Essa coisa é doida: na Síria, você vê isso no jornal, na série, na novela, mas aqui você se sente vivendo a novela, vivendo a série, vivendo o filme. Lá na minha comunidade na Síria tudo isso, só depois do casamento.”

“Achei curioso que aqui distribuem camisinhas grátis”

Yuhuang Li, da China

“Cheguei no Brasil em fevereiro de 2011. Eu era muito jovem e estava muito curiosa com o Carnaval. Minha primeira impressão foi que os brasileiros são mais abertos sobre sexo do que os chineses, porque fazem distribuição de camisinhas grátis. Isso nunca aconteceu na China. Mas eu acho que é bom para proteger as meninas. Gostei de participar do Carnaval, de dançar com amigos. Foi uma memória maravilhosa. Mas depois de ter filhos, eu preferi ficar em casa porque eles são pequenos ainda.”

“Falaram que eu ia beijar muito por ser estrangeiro; não beijei ninguém”

Rocco Belletti, da Itália

“Deixei tudo pra trás pra vir morar em Salvador com minha namorada. Logo depois que cheguei, a gente se separou. Fiquei muito triste, sem saber o idioma, sem conhecer ninguém. Aí chegou o Carnaval.Todo mundo falou que as pessoas beijam muito, que o pessoal fazia sexo nas ruas, que por ser estrangeiro eu ia arrumar 40, 50 meninas numa noite. Paguei caro por um abadá de dois dias no Chiclete com Banana. Não beijei ninguém. Acho que minha energia não estava boa, eu me sentia tímido naquele momento. Depois fui pra “pipoca” (blocos gratuitos, sem corda) e me diverti mais, beijei umas meninas, comecei a curtir.

Em São Paulo eu tive uma ótima experiência no Sambódromo. Eu não gostava de ver o Carnaval pela TV, mas depois de ir lá, de ver como tem relação com a cultura brasileira, com os afrodescendentes, de ver como escolhem os assuntos… comecei a gostar. Adorei a energia da bateria, foi o que mais me impressionou. Estou gostando muito também de ver o Carnaval de rua crescendo na cidade.”

“O samba parece uma dança do ventre mais rápida”

O sírio Abdo Jarour (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

Abdo Jarour, da Síria

Participei umas três vezes de blocos de rua e foi uma experiência totalmente diferente. Você olha no rosto das pessoas e vê que elas estão lá unidas pela felicidade. Todo mundo fica rindo, gritando, cantando, uma coisa muito bonita. Eu acho que o samba parece uma dança do ventre mais rápida, porque também mexe com a região do ventre pra baixo. 

Já o desfile das escolas de samba é como se fosse uma Copa, uma disputa. Eu entendi melhor quando participei. Vi a Gaviões da Fiel, em 2018, e me apaixonei, já que sou corintiano. Este ano vou desfilar pela Unidos do Peruche e já sei que vai ser minha escola pra sempre. Como meu time, o Corinthians. 

“Na Venezuela só as crianças usam fantasias”

Carmen Lopez, da Venezuela

“Na Venezuela geralmente só as crianças usam fantasias. A gente vai para a praia ou descansa em casa, não é nem um quarto do que é a festa aqui. Eu adoro o Carnaval do Brasil porque nos bloquinhos os adultos também se fantasiam, as pessoas são livres, é aquela alegria, aquele amor. E também adoro as escolas de samba. Ano passado desfilei pela Mancha Verde e foi uma sensação muito linda quando começaram os tambores, o samba, a aquela adrenalina. Adorei.”

“Achava que o desfile das escolas de samba era na rua, gratuito”

Samira Nancassa, de Guiné Bissau

Samira Nancassa, de Guiné Bissau (Foto: Arquivo pessoal)

“Eu achava que os desfiles das escolas de samba aconteceriam na rua, como os blocos. Nunca pensei que tinha que pagar para assistir no sambódromo. Mas acabei gostando daquele entusiasmo de todo mundo, da felicidade das pessoas.

Eu não entendia como eles conseguem fazer aqueles figurinos para milhares de pessoas, aquela produção toda. Achava que chegava fevereiro e eles começaram a preparar tudo.  Depois entendi que é um empenho que dura praticamente o ano todo, não é de uma hora para a outra. Acaba o Carnaval e começa toda a rotina de novo pro próximo. Eu não fazia ideia de que era assim.

Gosto dos blocos de rua porque é aquela imagem que a gente sempre teve lá na África de que o Brasil tem o melhor Carnaval do mundo. No meu país também tem Carnaval, mas não é como aqui, que você sente a emoção nos olhos das pessoas.”

]]>
0
Conheça refugiados que fazem comida por encomenda para Natal e Ano-Novo https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/18/refugiados-fazem-comida-por-encomenda-para-natal-e-ano-novo-conheca-8/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/18/refugiados-fazem-comida-por-encomenda-para-natal-e-ano-novo-conheca-8/#respond Wed, 18 Dec 2019 15:31:44 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/razancomidaarabe-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=139 Pastinhas sírias ou pãezinhos paquistaneses para as entradas da ceia de Natal? Torta venezuelana de sobremesa? Finger food peruana para a festa de Ano-Novo? Quem quiser variar o cardápio das festas de fim de ano pode encomendar comida de alguns dos muitos refugiados e imigrantes que recorreram à culinária para recomeçar a vida no Brasil. Veja oito opções em São Paulo.

Razan Comida Árabe

Kibe recheado (Foto: Divulgação/Razan Comida Árabe)

No Brasil desde 2014, a síria Razan Suliman faz por encomenda salgados, pastas como homus e coalhada e pratos como a carne no molho de coalhada e o arroz com carne, berinjela e amêndoas. O cardápio também tem os tradicionais doces sírios, como o ninho de nozes e de pistache.

facebook.com/razancomidaarabe/
Tel. (11) 99880-8496 

Hallaca Yo

A venezuelana Carmen Lopez com as hallacas (Foto: Rubens Cavallari/Folhapress)

A venezuelana Carmen Lopez se especializou em um prato de Natal venezuelano, a hallaca: massa de milho recheada e envolta em folhas de bananeira que pode vir com vários recheios (frango, porco, carne vermelha, verduras, abacate, queijo etc.). Ela também faz por encomenda outro quitute natalino de seu país, o pan de jamón —pão recheado de presunto, passas e azeitonas.

facebook.com/hallacayo.comida
(11) 98768-7893

Omaysh Comida do Paquistão

Pratos paquistaneses do Omaysh (Foto: Divulgação)

No Brasil desde 2016, a paquistanesa Ayesha Saeed vende por encomenda pratos da culinária de seu país e da Índia. Entre as opções, samosa de legumes (espécie de pastel típico) com molhos orientais, pães paquistaneses assados na hora e carne de boi, frango ou carneiro lentamente cozida com ossobuco em especiarias. Há pratos pouco ou nada apimentados e opções para veganos e vegetarianos, como o veg curry.

instagram.com/comidadopaquistao/
(11) 94299-4130

Limar Comida Árabe

Os sírios Omar Suleibi e Kenanh Neimi, que fazem pratos por encomenda (Ronny Santos/Folhapress)

O negócio foi batizado com o nome da filha do sírio Omar Suleibi, que é de Damasco e está no Brasil há cinco anos. Entre as opções do cardápio, há clássicos como tabule, esfihas, kibe cru e kafta, além de sanduíches, sopa de lentilhas e o Limar Prato Especial, feito com frango e vegetais.

instagram.com/limarcomidaarabe/
(11) 94897-4258

Cena

Ceviche feito pelo peruano Victor Lopez (Foto: Divulgação)

A celebrada culinária peruana pode ser encomendada do cozinheiro Victor Lopez, que vive no Brasil desde 2014. Entre as opções, na forma de pratos ou finger food, há ceviche clássico ou vegetariano (de beterraba, pepino e avocado), salada de três quinoas com tangerina e causa com tartar de peixe do dia com maionese de ervas frescas. Ele também trabalha como personal chef e oferece vale-aulas de culinária como presente.

facebook.com/cenacozinha/
instagram.com/
cenacozinha
Tel. (11) 97572-5421

Tentaciones da Venezuela

O pan de jamón (pão de presunto) é típico do Natal venezuelano (Foto: Divulgação/Tentaciones da Venezuela)

Moradora de São Caetano, a venezuelana Yilmari de Perdomo faz pratos típicos como pernil ou frango temperado, pão de presunto, hallacas (massa de milho recheada) e salada de frango com batata, maçã e cenoura. De sobremesa, torta negra de Natal (feita com castanhas, uísque e frutas cristalizadas) e doce de papaia verde.

facebook.com/tentacionesdavenezuela/
Tel.
(11) 94932-7060

Talal Culinária Síria

Comidas feitas por Talal Al Tinawi (Foto: Divulgação)

A família do sírio Talal Al Tinawi, que já teve um restaurante na zona sul, hoje trabalha com comida para entrega e almoços e jantares organizados em sua casa. Os pratos podem ser encomendados separadamente ou em pacotes com um preço fechado por pessoa. Salgados como esfiha e kibe vêm também na versão mini.

facebook.com/talalculinariasiria
instagram.com/talal_culinaria_siria/

Tel. (11) 96622-1305

Nossa Janela

Arepa, feita com milho, é típica da Venezuela (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

Os venezuelanos Carlos Escalona e Marifer Vargas fazem sanduíches orgânicos, arepas (discos de farinha de milho recheados) e outros pratos para eventos e por encomenda. Para o Natal, oferecem o pan de jamón (pão de presunto) e a torta negra, dois quitutes típicos desta época do ano em seu país.

facebook.com/nossajanelasp/
instagram.com/nossajanelasp/
(Tel. (11) 94646-9511 

 

]]>
0
Refugiados contam histórias árabes e venezuelanas em biblioteca de SP https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/09/refugiados-contam-historias-arabes-e-venezuelanas-em-biblioteca-de-sp/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/09/refugiados-contam-historias-arabes-e-venezuelanas-em-biblioteca-de-sp/#respond Mon, 09 Dec 2019 13:55:22 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/Rawa-Alsagheer-Crédito-Pedro-Villa-20A6721-1_Easy-Resize.com-1-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=99 Nascida na Síria e filha de palestinos, Rawa Alsagheer organizava festas, filmes e atividades para crianças no campo de refugiados onde vivia, no país do Oriente Médio. Jornalista, Raul Siccalona chefiou a Cinemateca Nacional da Venezuela, foi diretor de teatro, TV e cinema e pesquisador de teatro terapêutico e música.  

A guerra e a crise econômica humanitária trouxeram Rawa e Raul para o Brasil. Aqui, encontraram uma oportunidade de seguir trabalhando com cultura em São Paulo. Ambos participam do projeto Deslocamento Criativo, da brasileira Maria Nilda Santos, que reúne imigrantes que atuam com economia criativa na cidade.

Uma das atividades do projeto é a contação de histórias. Nesta terça (10), eles se apresentarão às 17h30 na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros: Rawa contará histórias árabes adaptadas por escritores brasileiros e Raul, histórias venezuelanas. 

A atividade é parte do Seminário Municipal de Bibliotecas Públicas, que começou nesta segunda (9) e vai até quarta (11). Na terça, além da contação de histórias, haverá a intervenção cultural Sarau dos Refugiados, às 9h30, e a mesa temática Refúgios Diversos, com a participação de Maria Nilda.

Biblioteca Alceu Amoroso Lima (r. Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, São Paulo); ter (10), às 9h30 (Sarau dos Refugiados), às 13h (Refúgios Diversos) e às 17h30 (Contação de Histórias)

]]>
0
‘Catering cultural’: empresas contratam chefs imigrantes para eventos de fim de ano https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/catering-cultural-empresas-contratam-buffets-de-imigrantes-para-eventos-de-fim-de-ano/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/catering-cultural-empresas-contratam-buffets-de-imigrantes-para-eventos-de-fim-de-ano/#respond Fri, 29 Nov 2019 10:30:25 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/raizes_na_cidade_junho_2019-25_Easy-Resize.com_-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=85 Empresas que querem dar um toque multicultural aos eventos de fim de ano podem contratar um tipo diferente de buffet para seus eventos: comidas do mundo feitas por imigrantes.

Há vários estrangeiros que oferecem esse tipo de serviço em São Paulo. Alguns já trabalhavam como cozinheiros em seus países; outros recorreram à culinária típica e a receitas de família como uma forma de recomeçar a vida por aqui.

A ONG Migraflix reuniu um grupo deles em um serviço que foi batizado de “catering cultural”. Os imigrantes recebem treinamento profissional em gastronomia, legislação, normas de higiene, educação financeira e outras competências de empreendedorismo. 

Uma equipe da organização cuida da logística e do controle de qualidade. “Trabalhamos com empresas grandes, muitas delas multinacionais, que exigem um serviço de alto padrão”, diz Jonathan Berezovsky, fundador e diretor da Migraflix e ele próprio um imigrante –nascido na argentina. Companhias como Facebook, Uber, Roche e Western Union já contrataram o serviço. 

Atualmente, o ‘catering cultural’ inclui em seu cadastro 16 chefs de nove países. Tem arepas venezuelanas (escrevi uma reportagem sobre esse tipo de comida aqui), quitutes sírios, ceviche peruano, além de opções da Bolívia, Colômbia, Índia, México, Paquistão e Uganda. Dependendo da quantidade de participantes, dá para contratar comidas de mais de um país em um mesmo evento.

O diferencial, diz Jonathan, é a possibilidade de interação dos imigrantes com os convidados. São eles que servem as comidas e podem conversar com quem se interessar em saber mais sobre sua história. “É toda uma experiência, uma viagem pelo mundo experimentando sabores e um compartilhamento cultural”, afirma.  

Segundo ele, a demanda aumenta no fim do ano,  principalmente para eventos grandes, para mais de cem pessoas. No ano que vem, o plano é expandir dentro e fora de São Paulo e começar a oferecer o serviço em outras capitais.

]]>
0
Biblioteca Mário de Andrade terá ‘sarau dos migrantes’ neste sábado https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/28/biblioteca-mario-de-andrade-tera-sarau-dos-migrantes-neste-sabado/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/28/biblioteca-mario-de-andrade-tera-sarau-dos-migrantes-neste-sabado/#respond Thu, 28 Nov 2019 16:00:45 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/WhatsApp-Image-2019-11-26-at-15.41.33-300x215.jpeg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=75 Em Aleppo, na Síria, Abdulbaset Jarour estudava administração e tinha uma loja de eletrônicos. Em São Paulo, para onde veio em 2014 após ser ferido na guerra, tornou-se um agitador cultural. Abdu, como é conhecido, faz palestras em Sescs e em escolas infantis, dá consultorias para filmes e organiza a Copa dos Refugiados — torneio de futebol entre times de imigrantes que é realizado anualmente em várias cidades brasileiras.

Há cinco meses, ele começou uma nova empreitada: o Sarau dos Migrantes, que promove apresentações de artistas de vários países em espaços públicos e privados.  

O grupo tem instrumentistas, cantores, pessoas que declamam poemas e dançarinos. O nome “migrantes”, sem o “i” no começo, não é à toa: há também brasileiros, e não só gente de fora do país, nas apresentações. “Queria misturar brasileiros e estrangeiros usando a linguagem da arte, que é universal”, diz. “Qual país do mundo não gosta de música e de poesia?”.  

A próxima apresentação será na tarde deste sábado (30), na Biblioteca Mario de Andrade, aberta ao público e gratuita.

Dez pessoas se apresentarão desta vez. Entre elas, um sírio que toca o instrumento típico alaúde, um músico e uma dançarina congoleses e uma cantora venezuelana. 

Sarau dos Migrantes – Biblioteca Mario de Andrade ( r. da Consolação, 94, República, São Paulo). Tel. (11) 3775-0002. Sáb. (30), das 16h às 17h30. Grátis. 

]]>
0