Babel paulistana https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br Guia de cultura imigrante em São Paulo Mon, 06 Dec 2021 21:37:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Beijo no bloco, camisinha grátis, adulto fantasiado… estrangeiros contam o que estranharam no Carnaval no Brasil https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/02/21/beijo-no-bloco-camisinha-gratis-adulto-fantasiado-estrangeiros-contam-o-que-estranharam-no-carnaval-no-brasil/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2020/02/21/beijo-no-bloco-camisinha-gratis-adulto-fantasiado-estrangeiros-contam-o-que-estranharam-no-carnaval-no-brasil/#respond Fri, 21 Feb 2020 10:00:39 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/samira2-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=230 Nas conversas e entrevistas com imigrantes, vira e mexe surge alguma história curiosa relacionada com o Carnaval. Falei com sete deles para saber qual foi a primeira impressão que tiveram sobre a festa no Brasil. Do sírio que caiu num bloco em seu segundo dia no país e deu o primeiro beijo da vida à paquistanesa que achou que fosse um evento religioso —e logo percebeu que estava enganada—, leia os relatos.

“Pensei que fosse uma festa religiosa… até que fui num bloco na República”

Ayesha Saeed, do Paquistão

A paquistanesa Ayesha Saeed (Foto: Bruno Santos/Folhapress)

“Eu não sabia o que era o Carnaval antes de vir para cá. Perguntei pros meus alunos: o que é o Carnaval? Me falaram que era uma festa que acontecia 40 dias antes da Páscoa, que tinha um momento em que não pode comer carne. Pensei: deve ser uma festa bem religiosa, preciso conhecer. Aí eu fui num bloco na República. Nossa, não gostei. Estava muito, muito ruim. Todo mundo bebendo, usando drogas. Só aguentei uma hora. Falei: “quero sair, não consigo respirar” Isso não é pra mim. Depois fui a uns blocos mais família e adorei. Também já fui no Sambódromo e achei muito, muito bonito.”

“Entrei num bloco achando que era manifestação. Ali dei meu primeiro beijo”

Hakam Elyoussef, da Síria

O sírio Hakam Elyoussef no bloco de Carnaval (Foto: Arquivo pessoal)

“Cheguei em fevereiro de 2014, sem saber o que estava acontecendo, sem falar português. No segundo dia aqui, vi um bloco na rua e achei que era manifestação. Dei o primeiro beijo da minha vida. Essa coisa é doida: na Síria, você vê isso no jornal, na série, na novela, mas aqui você se sente vivendo a novela, vivendo a série, vivendo o filme. Lá na minha comunidade na Síria tudo isso, só depois do casamento.”

“Achei curioso que aqui distribuem camisinhas grátis”

Yuhuang Li, da China

“Cheguei no Brasil em fevereiro de 2011. Eu era muito jovem e estava muito curiosa com o Carnaval. Minha primeira impressão foi que os brasileiros são mais abertos sobre sexo do que os chineses, porque fazem distribuição de camisinhas grátis. Isso nunca aconteceu na China. Mas eu acho que é bom para proteger as meninas. Gostei de participar do Carnaval, de dançar com amigos. Foi uma memória maravilhosa. Mas depois de ter filhos, eu preferi ficar em casa porque eles são pequenos ainda.”

“Falaram que eu ia beijar muito por ser estrangeiro; não beijei ninguém”

Rocco Belletti, da Itália

“Deixei tudo pra trás pra vir morar em Salvador com minha namorada. Logo depois que cheguei, a gente se separou. Fiquei muito triste, sem saber o idioma, sem conhecer ninguém. Aí chegou o Carnaval.Todo mundo falou que as pessoas beijam muito, que o pessoal fazia sexo nas ruas, que por ser estrangeiro eu ia arrumar 40, 50 meninas numa noite. Paguei caro por um abadá de dois dias no Chiclete com Banana. Não beijei ninguém. Acho que minha energia não estava boa, eu me sentia tímido naquele momento. Depois fui pra “pipoca” (blocos gratuitos, sem corda) e me diverti mais, beijei umas meninas, comecei a curtir.

Em São Paulo eu tive uma ótima experiência no Sambódromo. Eu não gostava de ver o Carnaval pela TV, mas depois de ir lá, de ver como tem relação com a cultura brasileira, com os afrodescendentes, de ver como escolhem os assuntos… comecei a gostar. Adorei a energia da bateria, foi o que mais me impressionou. Estou gostando muito também de ver o Carnaval de rua crescendo na cidade.”

“O samba parece uma dança do ventre mais rápida”

O sírio Abdo Jarour (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

Abdo Jarour, da Síria

Participei umas três vezes de blocos de rua e foi uma experiência totalmente diferente. Você olha no rosto das pessoas e vê que elas estão lá unidas pela felicidade. Todo mundo fica rindo, gritando, cantando, uma coisa muito bonita. Eu acho que o samba parece uma dança do ventre mais rápida, porque também mexe com a região do ventre pra baixo. 

Já o desfile das escolas de samba é como se fosse uma Copa, uma disputa. Eu entendi melhor quando participei. Vi a Gaviões da Fiel, em 2018, e me apaixonei, já que sou corintiano. Este ano vou desfilar pela Unidos do Peruche e já sei que vai ser minha escola pra sempre. Como meu time, o Corinthians. 

“Na Venezuela só as crianças usam fantasias”

Carmen Lopez, da Venezuela

“Na Venezuela geralmente só as crianças usam fantasias. A gente vai para a praia ou descansa em casa, não é nem um quarto do que é a festa aqui. Eu adoro o Carnaval do Brasil porque nos bloquinhos os adultos também se fantasiam, as pessoas são livres, é aquela alegria, aquele amor. E também adoro as escolas de samba. Ano passado desfilei pela Mancha Verde e foi uma sensação muito linda quando começaram os tambores, o samba, a aquela adrenalina. Adorei.”

“Achava que o desfile das escolas de samba era na rua, gratuito”

Samira Nancassa, de Guiné Bissau

Samira Nancassa, de Guiné Bissau (Foto: Arquivo pessoal)

“Eu achava que os desfiles das escolas de samba aconteceriam na rua, como os blocos. Nunca pensei que tinha que pagar para assistir no sambódromo. Mas acabei gostando daquele entusiasmo de todo mundo, da felicidade das pessoas.

Eu não entendia como eles conseguem fazer aqueles figurinos para milhares de pessoas, aquela produção toda. Achava que chegava fevereiro e eles começaram a preparar tudo.  Depois entendi que é um empenho que dura praticamente o ano todo, não é de uma hora para a outra. Acaba o Carnaval e começa toda a rotina de novo pro próximo. Eu não fazia ideia de que era assim.

Gosto dos blocos de rua porque é aquela imagem que a gente sempre teve lá na África de que o Brasil tem o melhor Carnaval do mundo. No meu país também tem Carnaval, mas não é como aqui, que você sente a emoção nos olhos das pessoas.”

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Conheça refugiados que fazem comida por encomenda para Natal e Ano-Novo https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/18/refugiados-fazem-comida-por-encomenda-para-natal-e-ano-novo-conheca-8/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/12/18/refugiados-fazem-comida-por-encomenda-para-natal-e-ano-novo-conheca-8/#respond Wed, 18 Dec 2019 15:31:44 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/razancomidaarabe-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=139 Pastinhas sírias ou pãezinhos paquistaneses para as entradas da ceia de Natal? Torta venezuelana de sobremesa? Finger food peruana para a festa de Ano-Novo? Quem quiser variar o cardápio das festas de fim de ano pode encomendar comida de alguns dos muitos refugiados e imigrantes que recorreram à culinária para recomeçar a vida no Brasil. Veja oito opções em São Paulo.

Razan Comida Árabe

Kibe recheado (Foto: Divulgação/Razan Comida Árabe)

No Brasil desde 2014, a síria Razan Suliman faz por encomenda salgados, pastas como homus e coalhada e pratos como a carne no molho de coalhada e o arroz com carne, berinjela e amêndoas. O cardápio também tem os tradicionais doces sírios, como o ninho de nozes e de pistache.

facebook.com/razancomidaarabe/
Tel. (11) 99880-8496 

Hallaca Yo

A venezuelana Carmen Lopez com as hallacas (Foto: Rubens Cavallari/Folhapress)

A venezuelana Carmen Lopez se especializou em um prato de Natal venezuelano, a hallaca: massa de milho recheada e envolta em folhas de bananeira que pode vir com vários recheios (frango, porco, carne vermelha, verduras, abacate, queijo etc.). Ela também faz por encomenda outro quitute natalino de seu país, o pan de jamón —pão recheado de presunto, passas e azeitonas.

facebook.com/hallacayo.comida
(11) 98768-7893

Omaysh Comida do Paquistão

Pratos paquistaneses do Omaysh (Foto: Divulgação)

No Brasil desde 2016, a paquistanesa Ayesha Saeed vende por encomenda pratos da culinária de seu país e da Índia. Entre as opções, samosa de legumes (espécie de pastel típico) com molhos orientais, pães paquistaneses assados na hora e carne de boi, frango ou carneiro lentamente cozida com ossobuco em especiarias. Há pratos pouco ou nada apimentados e opções para veganos e vegetarianos, como o veg curry.

instagram.com/comidadopaquistao/
(11) 94299-4130

Limar Comida Árabe

Os sírios Omar Suleibi e Kenanh Neimi, que fazem pratos por encomenda (Ronny Santos/Folhapress)

O negócio foi batizado com o nome da filha do sírio Omar Suleibi, que é de Damasco e está no Brasil há cinco anos. Entre as opções do cardápio, há clássicos como tabule, esfihas, kibe cru e kafta, além de sanduíches, sopa de lentilhas e o Limar Prato Especial, feito com frango e vegetais.

instagram.com/limarcomidaarabe/
(11) 94897-4258

Cena

Ceviche feito pelo peruano Victor Lopez (Foto: Divulgação)

A celebrada culinária peruana pode ser encomendada do cozinheiro Victor Lopez, que vive no Brasil desde 2014. Entre as opções, na forma de pratos ou finger food, há ceviche clássico ou vegetariano (de beterraba, pepino e avocado), salada de três quinoas com tangerina e causa com tartar de peixe do dia com maionese de ervas frescas. Ele também trabalha como personal chef e oferece vale-aulas de culinária como presente.

facebook.com/cenacozinha/
instagram.com/
cenacozinha
Tel. (11) 97572-5421

Tentaciones da Venezuela

O pan de jamón (pão de presunto) é típico do Natal venezuelano (Foto: Divulgação/Tentaciones da Venezuela)

Moradora de São Caetano, a venezuelana Yilmari de Perdomo faz pratos típicos como pernil ou frango temperado, pão de presunto, hallacas (massa de milho recheada) e salada de frango com batata, maçã e cenoura. De sobremesa, torta negra de Natal (feita com castanhas, uísque e frutas cristalizadas) e doce de papaia verde.

facebook.com/tentacionesdavenezuela/
Tel.
(11) 94932-7060

Talal Culinária Síria

Comidas feitas por Talal Al Tinawi (Foto: Divulgação)

A família do sírio Talal Al Tinawi, que já teve um restaurante na zona sul, hoje trabalha com comida para entrega e almoços e jantares organizados em sua casa. Os pratos podem ser encomendados separadamente ou em pacotes com um preço fechado por pessoa. Salgados como esfiha e kibe vêm também na versão mini.

facebook.com/talalculinariasiria
instagram.com/talal_culinaria_siria/

Tel. (11) 96622-1305

Nossa Janela

Arepa, feita com milho, é típica da Venezuela (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

Os venezuelanos Carlos Escalona e Marifer Vargas fazem sanduíches orgânicos, arepas (discos de farinha de milho recheados) e outros pratos para eventos e por encomenda. Para o Natal, oferecem o pan de jamón (pão de presunto) e a torta negra, dois quitutes típicos desta época do ano em seu país.

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(Tel. (11) 94646-9511 

 

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‘Catering cultural’: empresas contratam chefs imigrantes para eventos de fim de ano https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/catering-cultural-empresas-contratam-buffets-de-imigrantes-para-eventos-de-fim-de-ano/ https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/catering-cultural-empresas-contratam-buffets-de-imigrantes-para-eventos-de-fim-de-ano/#respond Fri, 29 Nov 2019 10:30:25 +0000 https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/raizes_na_cidade_junho_2019-25_Easy-Resize.com_-300x215.jpg https://babelpaulistana.blogfolha.uol.com.br/?p=85 Empresas que querem dar um toque multicultural aos eventos de fim de ano podem contratar um tipo diferente de buffet para seus eventos: comidas do mundo feitas por imigrantes.

Há vários estrangeiros que oferecem esse tipo de serviço em São Paulo. Alguns já trabalhavam como cozinheiros em seus países; outros recorreram à culinária típica e a receitas de família como uma forma de recomeçar a vida por aqui.

A ONG Migraflix reuniu um grupo deles em um serviço que foi batizado de “catering cultural”. Os imigrantes recebem treinamento profissional em gastronomia, legislação, normas de higiene, educação financeira e outras competências de empreendedorismo. 

Uma equipe da organização cuida da logística e do controle de qualidade. “Trabalhamos com empresas grandes, muitas delas multinacionais, que exigem um serviço de alto padrão”, diz Jonathan Berezovsky, fundador e diretor da Migraflix e ele próprio um imigrante –nascido na argentina. Companhias como Facebook, Uber, Roche e Western Union já contrataram o serviço. 

Atualmente, o ‘catering cultural’ inclui em seu cadastro 16 chefs de nove países. Tem arepas venezuelanas (escrevi uma reportagem sobre esse tipo de comida aqui), quitutes sírios, ceviche peruano, além de opções da Bolívia, Colômbia, Índia, México, Paquistão e Uganda. Dependendo da quantidade de participantes, dá para contratar comidas de mais de um país em um mesmo evento.

O diferencial, diz Jonathan, é a possibilidade de interação dos imigrantes com os convidados. São eles que servem as comidas e podem conversar com quem se interessar em saber mais sobre sua história. “É toda uma experiência, uma viagem pelo mundo experimentando sabores e um compartilhamento cultural”, afirma.  

Segundo ele, a demanda aumenta no fim do ano,  principalmente para eventos grandes, para mais de cem pessoas. No ano que vem, o plano é expandir dentro e fora de São Paulo e começar a oferecer o serviço em outras capitais.

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