A montagem da Companhia Nova de Teatro cria conexões de personagens da mitologia grega com as realidades brasileira e mundial, deslocando-as para as zonas de conflitos e rotas de peregrinação migratória.
Com direção de Lenerson Polonini e dramaturgia de Carina Casuscelli, que também está em cena ao lado de Jacqueline Durans, Kalahary e Sanene, a peça é estruturada em quatro solos que se interconectam.
O elenco tem dois imigrantes: os angolanos Miguel Kalahary e Isidro Sanene. Kalahary interpreta o semideus Hércules, caracterizado como um africano que capitaneia a travessia em uma embarcação precária junto com seus compatriotas, e Sanene vive um Prometeu negro, que tenta atravessar a fronteira de forma irregular, portando uma mochila com passaportes falsos para ajudar outros compatriotas a fugir da guerra.
As outras duas personagens são Kassandra, que representa os povos indígenas e prevê a destruição do seu povo e das florestas, e Hécuba, rainha que se encontra na condição de refugiada, em meio à Amazônia devastada.
Fundada em 2001, a Companhia Nova de Teatro aborda com frequência a temática da migração e do refúgio em seus espetáculos. Em 2011, “Caminos Invisibles… La Partida” narrou a trajetória de sul-americanos que chegam a São Paulo em busca de uma vida melhor, com a participação de atores bolivianos. Em 2016, estreou “Barulho D’Água“, que trouxe ao palco o drama dos imigrantes que atravessam o mar Mediterrâneo.
Apátridas. De 5 a 28.nov, sex. e sáb. às 21h e dom. às 19h, no Teatro Arthur Azevedo: av. Paes de Barros, 955, Mooca, São Paulo. Tel. (11) 2604-5558. Ingressos gratuitos (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria). Recomendado para maiores de 16 anos. www.cianovadeteatro.com. @cianovadeteatro
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